1) A empresa agora tem 30 mil em dívidas
2) A operação esta dando prejuízo, para torna-la lucrativa, o comprador provavelmente terá que investir em mudanças
3) O valor investido no inicio não é mais equivalente ao valor dos ativos da empresa, pois o maquinário depreciou e o capital de giro se perdeu
Ou seja, aqueles 100 mil investidos para começar a operar não representam o valor da empresa, pois existem diversas outras variáveis que ele não considera: as dívidas, a necessidade de mais investimento, a rentabilidade do negócio, e por ai vai.
Isso mostra que calcular o valor da empresa pelo valor investido pode gerar números um tanto distorcidos da realidade.
ERRO 2: CALCULAR COM BASE EM “MULTIPLICADORES”
O calculo por multiplicador é uma prática comum na compra e venda de empresas, mas o fato de ser uma prática comum não significa que seja a forma mais correta.
Como ela funciona? Vou explicar usando o caso do Seu Afonso.
O Seu Afonso é dono de uma padaria e, um dia, ele ouviu o Seu Joaquim (um ex-dono de padaria) dizer que havia vendido sua padaria por 6 vezes o faturamento mensal.
O Seu Afonso então faz a seguinte conta: “Minha padaria fatura 100 mil reais por mês, multiplico os 100 mil por 6, então minha padaria vale 600 mil reais! Pronto, problema resolvido!”
Só que tem outro problema, a padaria do Seu Joaquim, apesar de ter um faturamento parecido, operava de forma beeeeemmm diferente:
a) O Seu Joaquim tinha uma equipe enxuta e extremamente qualificada, os padeiros de lá produziam o dobro dos padeiros do Seu Afonso que, por conta disso, tinha que ter o dobro de padeiros para dar conta da produção.
b) O Seu Joaquim tinha um procedimento interno para controle de custo dos fornecedores e redução de desperdício, enquanto o Seu Afonso comprava insumos sem planejamento, tendo que comprar mais caro, e ainda em maior quantidade para compensar os desperdícios dos padeiros não qualificados.
c) Por fim, a padaria do Seu Joaquim tinha equipamentos novos e de alta qualidade, enquanto os equipamentos do Seu Afonso estavam velhos e precisavam de muita manutenção.
Apesar de terem o mesmo faturamento, olhando apenas essas 3 diferenças, já é possível presumir que a padaria do Seu Joaquim era bem melhor que a padaria do Seu Afonso, correto?
Elas valem a mesma coisa?…Com certeza não!
O cálculo por multiplicadores, assume que as empresas são idênticas em termos de lucratividade, necessidade de investimento e perspectiva de crescimento, o que nem sempre é verdade.
Por isso, se aplicada de forma irresponsável, essa forma de avaliar as empresas pode gerar números incoerentes e sem fundamento.
A FORMA CORRETA DE CALCULAR O VALOR DE UMA EMPRESA:
Imagine que você pretende comprar uma empresa, ai você vai até o vendedor, atual dono da empresa que você pretende comprar, ele te mostra o faturamento dos últimos 5 anos da empresa, mostra inclusive os lucros gerados e os valores investidos, os números são muito bons! Assumindo que tudo permaneça como está, a empresa valeria algo em torno de 500 mil reais.
No entanto, você analisa o mercado ao qual essa empresa pertence e descobre que, num futuro breve, uma nova tecnologia vai derrubar todos os negócios deste mercado.
Sabendo disso, você compraria essa empresa por 500 mil reais?
Provavelmente não né, mas por quê? Afinal, a empresa possui um histórico ótimo de resultados, qualquer um pagaria 500 mil reais para ter esses resultados.
O ponto é (e grave bem isso!):
O VALOR DE UMA EMPRESA NÃO ESTÁ NO SEU PASSADO, E SIM NO SEU FUTURO!
Quando você compra um negócio, você não recebe o que ele teve no passado, você recebe o que ele terá no futuro, a partir da data que você o comprou.
Entender isso é fundamental para avaliar o valor de uma empresa!
Ok, mas como faço para calcular o valor de uma empresa dessa forma?
Primeiro, é preciso projetar o futuro.
Nessa projeção você precisa incluir absolutamente tudo que está por vir depois da aquisição:
-Como serão as vendas? Vão permanecer como estão? Vão crescer?
-Pretende investir? Quanto e em quanto tempo?
-Existem dívidas? Qual o fluxo de pagamento?
Depois de projetar tudo (recomendamos pelo menos uns 5 anos para frente), você terá o fluxo de resultados futuros da empresa, ou seja, quanto vai sair e quanto vai entrar de dinheiro nos próximos anos.
Então, resta saber o quanto você está disposto a pagar para ter acesso a esse fluxo de resultados.
É como se fosse um investimento financeiro, você investe X para receber Y por mês. Só que no caso das empresas, primeiro calculamos o valor de Y para depois calcular o valor de X.
A matemática financeira por trás do calculo do valor da empresa com base no fluxo de resultados futuros é um pouco complexa, pois depende das taxas de juros da economia, níveis de risco do negócio e algumas outras variáveis, no entanto, ao observar o fluxo de resultados futuros você já consegue ter uma boa noção do valor real da empresa, apenas comparando com os rendimentos que teria se aplicasse todo o dinheiro da compra em uma renda fixa, por exemplo.
Quer nossa ajuda para melhorar a Gestão Financeira de sua empresa? Clique aqui! Se ficou com dúvida, pode falar com a gente!